Visitei a Jolimont: vinícola gaúcha que une história, experiência sensorial e prêmios mundiais

Visitei a Vitivinícola Jolimont, em Canela (RS), e tive a oportunidade de viver de perto um pouco da história e da cultura dos vinhos da Serra Gaúcha. Fundada em 1948 pelo francês Jacques Brière, a Jolimont mantém viva a tradição da produção artesanal de vinhos, em uma propriedade de 27 hectares localizada a 870 metros de altitude, no Morro Calçado.

O clima privilegiado da região, aliado ao solo pedregoso, proporciona as condições ideais para o cultivo de uvas viníferas, resultando em rótulos com identidade única e reconhecimento internacional. O nome Jolimont, que em francês significa “Belo Monte”, faz alusão à bela paisagem onde está situada a propriedade. Diferenciando-se como uma verdadeira vitivinícola, a Jolimont cultiva todas as suas uvas, sem recorrer à compra de matéria-prima de terceiros. Esse processo exclusivo agrega ainda mais valor aos seus vinhos, que, por terem uma produção limitada, tornam-se produtos ainda mais especiais e desejados.

Durante a visita, participei do Tour Jolimont, uma experiência guiada que apresenta todas as etapas da produção, desde o cultivo das videiras até a vinificação. Caminhei pelos vinhedos, conheci as instalações da vinícola e acompanhei de perto o processo de elaboração dos vinhos.

Crédito: Abner Oliveira

O passeio incluiu ainda uma degustação harmonizada com sete rótulos da casa, entre vinhos, espumantes, sucos e cerveja, todos acompanhados por queijos e embutidos artesanais. Ao final, levei para casa uma taça personalizada, que é oferecida a todos os participantes.

Um dos momentos mais marcantes da experiência foi participar da Pisa das Uvas, atividade tradicional oferecida durante a vindima, entre os meses de janeiro e março. Entrar na mastela, pisar as uvas ao som de música ao vivo e sentir a textura das frutas sob os pés é algo que vai muito além do simbólico — é uma conexão direta com as origens da produção vinícola. A equipe acompanha tudo de perto, explicando o contexto histórico da prática, que remonta às primeiras formas de extração do mosto na Europa. É uma vivência que mistura cultura, memória e sensorialidade.

Mesmo quem não consome bebidas alcoólicas pode aproveitar a experiência. A Jolimont oferece sucos e espumantes sem álcool, garantindo que ninguém fique de fora da degustação. O ambiente da vinícola também favorece um passeio completo: mirante com vista para o vale, espaços para piqueniques, cantinhos instagramáveis e uma loja com rótulos premiados e lembranças exclusivas.

Uma vinícola premiada

Alguma das premiações da Jolimont - Crédito: Abner Oliveira

Com mais de 1 milhão de litros produzidos anualmente, a Vitivinícola Jolimont se consolida como uma das maiores referências do enoturismo e da produção artesanal de vinhos no Brasil. Apesar do volume expressivo, a vinícola mantém processos que valorizam o cuidado com cada etapa, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento, reforçando o compromisso com a qualidade e a autenticidade dos seus rótulos.

Esse cuidado vem sendo reconhecido em premiações dentro e fora do país. Só em 2022, por exemplo, a Jolimont conquistou 30 medalhas em concursos internacionais. Entre os países que destacaram a vinícola estão França, Portugal, Argentina, Espanha, Itália, Inglaterra e Grécia — todos com forte tradição na produção de vinhos. Essas premiações incluíram vinhos tintos, brancos e espumantes, avaliados por comissões técnicas que consideram critérios como aroma, corpo, acidez, equilíbrio e expressão do terroir.

Em março de 2025, o Chardonnay Reserva 2023 foi o único rótulo brasileiro a figurar entre os Top 10 do Chardonnay du Monde, concurso realizado na França que avaliou 518 amostras de 34 países. No mesmo período, o Jolimont Intendente 2015 foi eleito um dos 50 melhores vinhos do mundo no Sélections Mondiales des Vins, no Canadá, destacando-se entre 1.630 amostras de 31 países.

Crédito: Abner Oliveira

A participação em concursos internacionais tem colocado a Jolimont no radar de apreciadores e especialistas do setor. Os prêmios não apenas validam a qualidade dos produtos, mas também projetam o nome da vinícola no cenário global, ajudando a abrir novos mercados e atrair turistas interessados em experiências autênticas no Brasil.

Cada taça servida na degustação carrega uma trajetória de décadas de dedicação e aperfeiçoamento — algo que ficou muito claro enquanto degustava os vinhos premiados, diretamente no local onde eles são produzidos.